O que é ser normal?
Você costuma escutar vozes?
Tenho certeza que sim, pois isso é absolutamente normal!
Eu me recordo de quando costumeiramente acordava por volta das cinco, cinco e meia da manhã.
Eu era despertada para conversar com a minha alma. Escrevia as vezes paginas e mais paginas de um longo texto repleto de ensinamentos milenares. Outras vezes eram poesias curtas e doces.
Hoje desperto aflita.
Ao respirar e me conectar com essa parte que pede a palavra, a energia volta a fluir.
São tantas coisas ao mesmo tempo que mesmo minhas mãos habilidosas tem alguma dificuldade em acompanhar o pensamento.
Me lembro de uma frase que aprendi anos atrás e que com frequência repito para meus clientes.
– Vamos caminhar na velocidade que a sua parte mais lenta estiver segura para prosseguir.
Lembrando dela consigo ouvir e permitir que essa voz aflita dentro de mim possa falar.
“ Não quero seguir assim…não quero desistir, mas preciso de um ritmo mais lento…quero degustar cada fase. Aprender com cada passo. Conferir o projeto novamente. Revisar as plantas e estudar a composição da grande imagem.” – essa é a voz dentro de mim que começa a conversa.
“ Não se trata de medo ou insegurança, mas sim de conferir os detalhes. Não quero seguir na onda do rio. Quero dirigir o barco, conferir a bussola e ajustar o curso. Quero poder parar e apreciar a paisagem de uma linda praia desconhecida. Quero curtir o caminho. Não tenho um lugar especifico pra chegar. Me atrai descobrir o escondido.
Hoje prefiro um veleiro à lancha veloz.
Quero me permitir aportar e fazer uma caminhada ao sol morno, sentindo meus pés afundando na areia fina e branca.
Não me apresse.”
Leio novamente o pedido simples e verdadeiro e percebo a maturidade revelada nas palavras.
Não é a criança, nem a adolescente. Não sinto a impetuosidade da juventude e nem o peso de uma velha alma.
Reconheço meu Eu adulto, atual, sábio. Na gentileza do discurso me conecto com a sabedoria do feminino sagrado.
A mulher sensata, ponderada que sabe que não agradará a todos mas mesmo assim assume sua posição e suporta as consequências.
Digo à ela internamente com um discreto sorriso:
– Bem vinda Querida! É muito bom receber você a bordo! O barco é seu. Assuma o leme, ligue o motor, ice as velas ou jogue a ancora e passe a noite admirando as estrelas no céu.
Em meio ao diálogo interior uma nova frase surge pra mim:
– Prosseguiremos na velocidade que a sua parte mais sábia estiver pronta para decidir o caminho.
Permita-se conversar com suas partes internas. Dê chance para todas falarem, afinal, o Barco é seu!