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Perdi meu emprego e agora?

Perdi meu emprego e agora? A situação de mudança muitas vezes traz um desconforto e uma preocupação muito grande e verdadeira para aqueles que a viveram.
Às vezes o desconforto vira um desânimo e logo à frente uma depressão.
O tempo passa, as pessoas tentam mudar estes sentimentos, lutam para sair deste estado de cansaço, tristeza, desamparo e até de profundo medo.
Procuram ajuda, mas parece que a força que move este sentimento é maior.
E, às vezes, é mesmo.

Assim começou mais uma Constelação Familiar.
Recebi em meu escritório um senhor jovem, perto dos seus 55 anos, muito inteligente. Falava bem, muito culto, tinha uma situação financeira aparentemente estável e sua família vivia em paz.
Ele havia trabalhado por 32 anos em uma grande empresa e há 4 anos aceitou um programa de desligamento voluntário, fez um bom acordo e saiu da empresa. Junto com este seu trabalho estável também fazia outras atividades profissionais paralelas e era muito requisitado.

Aparentemente uma situação que poderia ter sido vista como uma ótima oportunidade de continuar em suas atividades paralelas, agora em tempo integral ou parcial e curtir um pouco mais a vida, já que ele trabalhava de 12 a 14 horas por dia.

Mas o que realmente tomou conta dele foi uma depressão profunda. Daquelas que a gente toma remédio, vai ao psiquiatra e mais todos os médicos possíveis fazendo dezenas de exames e procurando a causa para todos os sintomas que se sente: tonturas, dores, ansiedade, tristeza e até vontade de morrer e desistir de tudo. Assim, foram-se 4 anos.

Conversamos por alguns minutos e perguntei-lhe se ele já havia sentido em algum outro momento da vida estes sintomas ou a falta de vontade de viver.
– Já, com uns 35 anos, mas não me lembro muito bem por que.
Perguntei novamente, pois ao olhar para seus olhos o que eu via era uma criança pequena e assustada.
– Eu perdi meu pai quando era muito pequeno. Minha mãe ficou sozinha com os 4 filhos e ela também era muito jovem. Cuidou de tudo sozinha.
Neste momento, chegamos à origem da dor que ele trazia consigo. Na verdade, as duas dores: a da criança pequena que perde o pai cedo e fica completamente vazia e perdida e com uma tristeza no peito que parece não ter fim; e a dor da mãe, aquela jovem que se vê de repente sozinha, sem marido, sem sustento, com 4 filhos pequenos pra criar. O medo se mistura com a dor da falta do seu amor que lhe foi tirado subitamente.
E o pequeno menino que perdeu o pai, neste momento vê a mãe também com um desejo secreto de seguir o destino do seu marido, mas dividida, pois os filhos precisam dela para viver. Interna e inconscientemente, ele diz: querida mamãe, eu vou ajudar você. Vou trabalhar muito pra nada faltar e dividirei com você toda sua tristeza para que não fique tão pesado pra você. Expressando assim o amor da criança que quer salvar a mãe.

E assim segue sua vida, completamente decidido a cumprir essa sua promessa inconsciente de amor e lealdade. Quando, já na vida adulta, acontece um fato – como a perda de um emprego – que abala nossa caminhada, toda a dor original volta em avalanche.

A solução neste caso é voltar dentro do nosso coração para aquela idade tenra e desprotegida, para junto do pai, para o seu colo seguro, e sentir novamente o seu amor. E perceber que se era apenas uma criança e que é muito pesado seguir todas essas promessas. Olhar, então, a mãe e sentir toda a força que na verdade ela tem e de fato demonstrou durante os anos seguintes.

Esse processo, feito com calma, é muito profundo e tem o poder de curar a ferida original e trazer para o momento atual mais equilíbrio e clareza.
Deste modo, a depressão pode terminar e um novo começo pode ter o seu espaço.

Muitas vezes, questões profissionais nos fazem reviver antigas situações e permitem que possamos mudar no presente algo que não pudemos fazer no passado.
E somente isso tem o poder de mudar uma história.

https://nathaliefavaron.com.br/blog

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